domingo, 16 de agosto de 2009

Tower of Shadow: game prova que Japão está longe do ostracismo criativo


Existe uma corrente de pensamento na mídia especializada atualmente que prega que os desenvolvedores japoneses estão obsoletos em relação ao ocidente. Enquanto essa afirmativa possui sua dose de verdade, os japoneses ainda estão longe de sumir do mapa criativo dos games.

Por mais que seu mercado seja altamente fechado – com a maioria das empresas produzindo jogos exclusivamente para o público japonês – seus desenvolvedores ainda conseguem criar conceitos de apelo universal e absolutamente inovadores. Por vezes, inclusive, aproximando os games da arte com muito mais eficácia do que os estúdios ocidentais.

Tal é o caso de "Kague no tou", game japonês para Wii que acaba de ser anunciado pelo estúdio Hudson. O teaser site do game o define como uma aventura de ação sob sombras, mas o que exatamente isso quer dizer? Tower of Shadow será um jogo de plataforma, porém a movimentação e interação é toda focada nas sombras dos objetos e cenários. Isso mesmo, nas sombras projetadas na parede.

O jogador irá controlar a sombra de um garoto, que deve navegar por diferentes puzzles envolvendo variações de sombras e luzes para tentar chegar ao topo da tal da torre do título. Interagir com sombras também provocará mudanças em suas partes verdadeiras – como, por exemplo, mover a sombra de uma alavanca, fazendo com que a alavanca real também se mova. E claro, o garoto-sombra pode apenas andar sobre e interagir com outras sombras.

O cursor do Wii Remote ao que tudo indica será usado para controlar uma fada no estilo Zelda, que servirá para controlar fontes de luz e, consequentemente, alterar o modo como as sombras são dispostas no ambiente. Boa parte dos puzzles será centrada nesse tipo de mecânica, inclusive com tipos de intensidade de luzes diferentes influenciando na densidade das sombras – sombras menos densas podem permitir que você as atravesse ou caia por elas.

Truques de sombra também podem resultar em armadilhas para o personagem principal. Todo cuidado é pouco na manipulação da luz, enquanto tenta escalar a gigantesca torre no centro do deserto.

O visual do jogo é estonteante, e lembra o estilo gráfico de ICO. Com a exceção de que aqui o personagem principal é apenas uma sombra, o que confere à ambientação ainda mais força dramática. Tanto é verdade, que em algumas das belíssimas imagens de pré-produção do jogo é difícil encontrar o personagem principal em ação – a dica é procurá-lo nas sombras dos objetos.

Ficou difícil imaginar como essa mecânica de sombras funcionará? Um vídeo de uma demonstração de tecnologia gravada durante a Indie Games Developer's Conference traz um pouco mais de luz sobre o potencial do projeto. O vídeo é de um game independente chamado “Shadow Physics” com conceito bem similar ao Tower of Shadow. A manipulação das fontes de luz basicamente altera a localização de plataformas e objetos, ou mais especificamente, de suas sombras interativas.

A inovadora mecânica de jogabilidade baseada em sombras, somada ao visual estonteante do jogo, faz deste um dos games de maior potencial de inovação artística do mercado atual. E talvez até mais importante, Tower of Shadow pode marcar o retorno do estilo plataforma 2D aos consoles, triunfalmente mascarado como um jogo em 3 dimensões.

O estúdio Hudson, sendo subsidiário da Konami, deve divulgar mais informações sobre o game durante o evento Gamescom, que acontece entre os dias 19 e 23 de agosto, na Alemanha. Enquanto isso, você pode brincar de fada e fazer o garoto-sombra pular no site teaser oficial do jogo.

Se nos últimos anos jogos como “ICO”, Shadow of the Colossus, Katamari, LocoRoco e Patapon provaram algo, é que ainda existe muita criatividade de apelo universal latente entre desenvolvedores orientais. Tower of Shadow também pode provar que os japoneses ainda possuem aquele “je ne sais quoi” que tornou os games de plataforma desenvolvidos no país tão proeminentes até a geração de consoles 16 bits.

Game designers, como Hideo Kojima, têm cada vez mais reclamado da distância entre os pólos de games japoneses e ocidentais, porém se esquecem de que o país ainda está na vanguarda da criação de jogos artísticos, ao mesmo tempo em que a japonesa Nintendo domina com ampla vantagem tanto o setor de videogames caseiros como os portáteis. Não dá pra ganhar todas, né, Kojima?!

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