sexta-feira, 3 de julho de 2009

Profissionais buscam capacitação fora da área de atuação, na contramão das especializações

Arte, moda, filosofia, cinema ou gastronomia. Muitos profissionais optam por realizar cursos fora da área de atuação, quer seja para desviar a atenção de assuntos constantes do dia-a-dia, ampliar a visão de mundo ou planejar uma mudança de área no futuro.

Segundo Betty Kövesi, porta-voz da Escola Wilma Kövesi de Cozinha, 70% do público que participa do curso anual de técnicas profissionais de cozinha é composto por pessoas que trabalham fora do ramo da gastronomia. Um deles é Diego Milhomens, formado em Marketing, com emprego na área comercial e passagem em treinamentos de vendas, ele optou por realizar um curso de formação de chef. “Talvez agora eu possa pensar em me especializar em outra área”, conta.

De acordo com especialistas, a busca por outros campos do saber trata-se de uma tendência educacional diferente da extrema especialização que vivemos hoje. Essa atitude pode trazer idéias para novos negócios ou oportunidades de trabalho.

“É preciso olhar para o mundo, para seu destino, e não apenas consultar manuais ou técnicas”, diz Mario Vitor Santos, diretor conselheiro da Casa do Saber, centro de debates e disseminação do conhecimento com cursos livres, palestras e oficinas de estudo nas áreas de artes plásticas, ciências sociais, cinema, filosofia, história, música e psicologia. Segundo ele, só com um conhecimento profundo de cultura geral é possível desenvolver uma vivacidade intelectual sobre o que não foi teorizado, ou seja, pensar autonomamente, desenvolver estratégias únicas.

“É importante notar que cada área do conhecimento tem uma maneira específica de abordar o mundo e isso pode agregar em qualquer profissão”, diz Tomás de Azevedo Marques, coordenador educativo da Escola São Paulo, instituto que oferece cursos nas áreas de artes visuais, design, moda, novas mídias, teatro, entre outras. A procura destes cursos por empresários ou profissionais de atividades diversas também pode ser explicada, segundo ele, pela ausência de ambientes para a convivência intelectual fora de faculdades ou cursos de MBA.

Já para Santos, da Casa do Saber, a busca trata-se de uma experiência prazerosa, sem objetivos imediatamente profissionais, mas relacionada ao que o indivíduo considera importante para ele. Mas será que valeria a pena incluir um curso destes no currículo?

A consultora de planejamento de carreira da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Érika Budeanu, recomenda não deixar em evidência outras atividades que não estejam diretamente relacionadas à profissão, já que no currículo é mais indicado colocar informações técnicas, relacionadas aos objetivos da carreira. “A selecionadora pode achar que você gosta mais do curso de dança do que da sua atividade profissional”, diz.

No entanto, Santos acredita que esse julgamento depende do perfil que o profissional quer transmitir no currículo e da mentalidade de quem comanda a empresa selecionadora. Um curso de teatro, por exemplo, poderia agregar de maneira secundária na formação de um advogado.

“Na dúvida, não coloque cursos fora da área. Deixe para citá-los no momento da entrevista, quando outros interesses surgirem no bate-papo”, sugere a consultora.

Fonte: Rachel Sciré

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