domingo, 26 de abril de 2009

Uma superprodução sobre o nosso planeta Terra

Umas das mais belas séries de televisão sobre a natureza já realizadas, Planeta Terra, da rede britânica BBC (exibida por aqui no Discovery Channel), teve um companheiro longa-metragem durante suas gravações. Terra (Earth), produzido pelo novo selo Disney Nature da Walt Disney Pictures, foi co-filmado usando as técnicas avançadas de captação de imagens do programa e chega aos cinemas para celebrar o Dia da Terra (22 de abril).

Terra narra um ano na vida do planeta sob a visão dos animais que aqui vivem. Os diretores Alastair Fothergill e Mark Linfield optaram pela humanização de dramas de famílias de animais para estabelecer uma relação mais próxima com o público. Entre danças de acasalamento, passagens das estações, tubarões se alimentando e outras cenas do dia-a-dia selvagem, há foco em três grupos: uma mãe ursa e seus dois ursinhos enfrentando o degelo dos pólos, uma manada de elefantes cruzando o Kalahari em busca de água e uma baleia corcunda levando sua cria em sua primeira migração. Todos enfrentam jornadas que já eram suficientemente árduas antes da interferência humana torná-las quase impossíveis.

Na contramão dos filmes-denúncia ecológicos, Terra preocupa-se, assim, em cativar antes de alarmar, ainda que a mensagem essencialmente seja a mesma de produções como A Última Hora ou Uma Verdade Inconveniente. Não existem imagens de devastação, de poluição, de matanças - mas de beleza e selvageria intocada. É um filme Disney, afinal. A interferência humana é apenas explicada na narração original de James Earl Jones (o eterno Darth Vader) de um texto simples e totalmente embasado na cultura biocêntrica, que estabelece relações entre os seres vivos e o planeta. O tema, a beleza das imagens, a linda trilha orquestrada e a montagem suave evidenciam a intenção do filme de atingir os mais jovens, buscando uma nova geração de conservacionistas.

Para capturar tais imagens sem que houvesse interferência nos quadros retratados, a equipe de filmagens utilizou uma tecnologia chamada gyro-stabilized Cineflex aerial camera system. Basicamente, é a mais estável steady-cam existente, podendo ser montada em helicópteros sem qualquer trepidação e com captura em altíssima definição de distâncias seguras. Câmeras lentas e superaceleradas completam o espetáculo, registrando sequências belíssimas (a passagem das estações é plástica como poucas). Aos ecologistas, fica o alívio de saber também que cada hora de vôo dessas câmeras foi convertida em créditos de carbono para equilibrar o impacto causado pelo filme no planeta.

De qualquer maneira, não deixa de ser curioso como uma produção impressionante dessas, que registra a natureza em high definition, cheia de firulas técnicas e câmeras incríveis, só seja possível com toneladas de tecnologia ultramoderna.

Para se aproximar da natureza e levá-la até o público, você tem que se distanciar dela como nunca.

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